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 CNBB propõe jejum solidário em apoio a frei Luiz

Publicado em 14 de Dezembro de 2007

A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu nota em que pede às "comunidades cristãs e pessoas de boa vontade" que façam jejum em solidariedade a frei Luiz Flávio Cappio, bispo da diocese de Barra (BA), que está há 16 dias sem comer em protesto contra a transposição do rio São Francisco. O documento é assinado pelo Conselho Episcopal de Pastoral (Consep), órgão composto pela presidência da CNBB e pelos presidentes das comissões episcopais pastorais.

Em resposta à solicitação dos bispos, entidades e movimentos sociais - Cáritas Brasileira, Via Campesina, Comissão Pastoral da Terra, dentre outros – tiraram a próxima segunda-feira (17) como o Dia Nacional de Vigília e Jejum Solidário. A expectativa é que milhares de pessoas passem esse dia sem se alimentar em todas as capitais do país e outros municípios.

"Esse ato vem justamente para mostrar o que é democracia, qual é a verdadeira vontade popular. Não é apenas um ato de solidariedade ao frei, mas um ato de repulsa e protesto em relação à forma como o governo vem tratando não apenas o projeto de transposição, mas tantos outros que terão impactos ambientais e sociais negativos", avaliou Luiz Cláudio Mandela, assessor nacional da Cáritas Brasileira.

Confira abaixo a nota na íntegra:

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL

NOTA DO CONSELHO EPISCOPAL DE PASTORAL

"Senhor, concede a vida do meu povo pelo qual te peço" (cf. Ester 7,3).

1. O jejum e a oração de Dom Luiz Flávio Cappio, ofm, bispo da diocese de Barra-BA são motivados por seu espírito de pastor que ama seu povo. Dom Luiz expressa seu constante compromisso em defesa do Rio São Francisco e da vida das populações ribeirinhas – agricultores, quilombolas, povos indígenas – e de outras áreas. Sua atitude revela respeito à dignidade da pessoa e da criação e sua convicção de que o ser humano é capaz de conviver em harmonia e respeito com o meio-ambiente.

2. Assim, Dom Luiz Cappio traz à luz o embate entre dois modelos opostos de desenvolvimento: de um lado, o modelo participativo e sustentável, que valoriza a agricultura familiar e a preservação da natureza; e de outro, o que privilegia o agro e hidronegócios, com sérios prejuízos ambientais e sociais, pois explora o povo e destrói os rios e as florestas. Sua luta em defesa do Rio São Francisco é respaldada pelo que diz o documento de Aparecida: "A riqueza natural dos nossos países experimenta hoje uma exploração irracional e vai deixando um rastro de dilapidação, inclusive de morte por toda nossa região. Em todo esse processo, tem enorme responsabilidade o atual modelo econômico, que privilegia o desmedido afã pela riqueza, acima da vida das pessoas e dos povos e do respeito racional pela natureza" (DA 473).

3. A CNBB tem afirmado, junto ao governo e à sociedade, a necessidade de dar continuidade a um amplo diálogo sobre o projeto de transposição das águas do Rio São Francisco. Tem sinalizado também a importância da revitalização do Rio e a garantia de toda população ao acesso à água de boa qualidade como um direito humano e um bem público. O Governo democrático tem a responsabilidade de interpretar as aspirações da sociedade civil, em vista do bem comum, de oferecer aos cidadãos a possibilidade efetiva de participar nas decisões, de acatar e de respeitar as determinações judiciais, em clima pacífico.

4. Julgamos necessário considerar outras propostas alternativas, socialmente adequadas e eficazes, apresentadas por entidades governamentais, especialistas e movimentos sociais, a custos menores e com possibilidade de atingir maior número de pessoas e municípios. Entre essas, destacamos as apresentadas pela ANA (Agência Nacional das Águas), através do Atlas Nordeste, e pela ASA (Articulação do Semi-Árido brasileiro) com a construção de um milhão de cisternas.

5. Neste tempo de Advento, vivenciando a esperança, convidamos as comunidades cristãs e pessoas de boa vontade a se unirem em jejum e oração a Dom Luiz Cappio, por sua vida, sua saúde e em solidariedade à causa por ele defendida. A esperança não decepciona (Rm 5,5).

Brasília, 12 de dezembro de 2007. Festa de Nossa Senhora de Guadalupe.


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