A expressão "colapso ambiental", utilizada em um relatório da ONU sobre o meio ambiente, indica que além de fenômenos climáticos desastrosos, enfrentaremos um lento processo de definhamento. Soa exagerada a afirmação, mas não há nela qualquer inverdade.

A análise, chamada de "Avaliação Ecossistêmica", baseia-se em pesquisas que envolveram mais de 1,3 mil cientistas, em 95 países – entre eles, o Brasil. Suas conclusões apontam para a ameaça de um "colapso ambiental" ainda neste século. Imagine uma reação em cadeia que, gradativamente, modifica a atmosfera, o solo, o ar, até o ponto em que a vida torna-se inviável sobre o planeta.

Um efeito dominó macabro, manifestado por pequenas mudanças climáticas e pela extinção de animais e de espécies vegetais imprescindíveis ao equilíbrio do meio ambiente. Modificações como estas, vivenciadas por nós, e que acabarão daqui a duas ou três gerações, com a extinção de boa parte das reservas naturais.

A culpa, segundo os cientistas, está exatamente no modelo de produção, baseado exclusivamente na lógica do lucro e, principalmente, do lucro em um curto prazo. Mas a questão não está em um só culpado, ou em um só problema. Somos todos culpados, e temos um cem número de problemas a resolver agora, de uma vez só. Da escassez de água à desertificação, pagamos um preço caro por não agir de forma sustentável.

Acredito que já está claro para todos que o tempo do mero discurso fácil da preservação ambiental chegou ao fim. Sim, até hoje, infelizmente grande parte da sociedade – principalmente autoridades políticas e empreendedores – tem no discurso da defesa ambiental uma peça de simples retórica, exercitada a cada data festiva relacionada ao meio ambiente. Mas somente isso já não adianta mais.

Empresas e governos precisam, urgentemente, incluir em suas previsões anuais o "custo meio ambiente". Esse é o item que permitirá a revisão de projetos e planos buscando um melhor aproveitamento das áreas, uma ocupação menos nociva do solo e, acima de tudo, um modelo de desenvolvimento sustentável, de manejo adequado e viável da natureza.

Podemos crescer economicamente usando os recursos com inteligência. De outra forma, não haverão mais contribuintes e consumidores que justifiquem a busca insana pelo lucro.

Deputado Padre Pedro