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 Desenvolvimento sem saneamento?

Publicado em 14 de Fevereiro de 2017

É incrível o paradoxo que Santa Catarina vive. Somos um dos estados com melhores indicadores do País, mas quase 80% do nosso esgoto vai diretamente para córregos, rios, lagos e o mar. Há mais de 10 anos debatemos, em centenas de atividades do Fórum do Aquífero Guarani, a urgência dos investimentos em saneamento básico, em especial na coleta e tratamento do esgoto.

Nós já deveríamos estar debatendo o reúso da água. A situação em que nos encontramos já deveria ter determinado a criação e implantação de um Plano de Gerenciamento Hídrico há anos. Mas onde estamos??? Estamos perfurando poços artesianos sem qualquer critério, escondemos o esgoto com placas de concreto e mal conseguimos que nossos Comitês de Bacias atuem para, no mínimo, acompanhar o que interessa nas discussões sobre a água nas regiões.

Em períodos críticos de escassez, brotam os projetos parados, soluções não encaminhadas e surgem, milagrosamente, medidas que vão resolver todos os problemas. Então é assim que administramos o líquido mais importante para a vida humana? É com casuísmos que vamos solucionar a imensa ferida de quase 80% das pessoas despejando esgoto no meio ambiente?

Não acredito em nenhuma destas soluções. É por isso que iniciamos, junto de pesquisadores, membros dos comitês de bacias e movimentos, uma articulação junto ao Governo do Estado pela formulação de um Plano de Gerenciamento Hídrico que represente a realidade catarinense, e que respeite cada região.

A água é o elemento mais importante para a sobrevivência de todos os seres vivos. Sem ela, o planeta seria desabitado. No entanto, o tratamento que damos a ela é absolutamente negligente. E não somente quanto ao uso, mas na forma como tratamos a gestão hídrica nos espaços de debate do legislativo e do Executivo.

Esta é uma crítica inclusive ao espaço no qual eu atuou. Por vezes me sinto como se estivesse pregando no deserto, tamanha desconsideração que as lideranças políticas têm pelo saneamento básico. Meu papel é seguir lutando, propondo e dialogando.

Padre Pedro Baldissera
Deputado Estadual


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