Publicado em 02 de Setembro de 2011
A distância física entre algumas regiões catarinenses e o centro do poder político estadual, ao longo de décadas, também determinou o distanciamento de investimentos e de políticas públicas às populações de dezenas de municípios. Mesmo com sensíveis mudanças neste quadro nos últimos 15 anos, ainda é visível a desigualdade no mapa de investimentos das regiões catarinenses.
O caso do Extremo Oeste de SC é um exemplo dessas disparidades, em especial nas áreas de pesquisa e ensino superior público. Estudos da Fundação Getúlio Vargas afirmam que 35% das desigualdades sociais brasileiras podem ser explicadas pela desigualdade no ensino. Em que pese o esforço e o sucesso das instituições comunitárias da região, historicamente responsáveis pela formação de diversas gerações de pesquisadores e professores voltados à investigação e à proposição de soluções aos problemas locais, é flagrante a demanda represada em razão da ausência de uma instituição pública.
O movimento que resultou na criação da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) começou no Extremo Oeste, no final da década de 90, buscando exatamente o atendimento desta demanda. São mais de 300 mil habitantes na faixa de fronteira com a Argentina, muitos vinculados à agricultura familiar e camponesa, carentes e cujas famílias vivenciariam mudanças significativas na qualidade de vida a partir de práticas aprimoradas pelo conhecimento científico, tecnológico e humano experimentado a partir de uma universidade federal.
Além dos alunos que saem do ensino médio todos os anos, há milhares de pessoas que não tiveram condições financeiras, quando saíram do então “segundo grau”, de ingressar em um curso de graduação. Estender a atuação da UFFS para o Extremo Oeste não é só uma medida socialmente importante, pela redução objetiva das desigualdades. Ela garantirá, principalmente, uma ferramenta fundamental de ensino, pesquisa e extensão, que revoluciona desde as relações humanas até a forma e o conteúdo da produção local. Tudo isso, com todo potencial de inclusão de uma instituição pública de ensino.
Deputado Estadual Padre Pedro Baldissera