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Na última semana, em 22 de março, comemoramos o Dia Mundial da Água, uma data simbólica que, esperamos, signifique mais um impulso para retirar a sociedade e os governantes da completa letargia em que se encontram.
Sim, é lamentável sermos obrigados a admitir que mesmo com avanços nos debates, mesmo com uma bela retórica e com seguidos avisos da própria natureza, não deixamos de lado as atitudes protocolares e que pouco resolvem.
A Igreja Católica, através da CNBB, repete neste ano, na Campanha da Fraternidade, o tema do respeito ao meio ambiente. Em 2011, seu título é "Fraternidade e a Vida no Planeta". Além de reconhecer e parabenizar o protagonismo da Igreja neste campo, que em diversas ocasiões trouxe o tema para o debate junto à sociedade, é importante observar que a repetição do assunto busca criar uma cultura de "preservação" junto às pessoas. Com este testemunho em defesa da vida, a Igreja cumpre sua tarefa de casa. Ela cumpre o seu papel na sociedade quando mais uma vez traz a tona esta discussão.
Nesta Campanha da Fraternidade fica explícita a urgência de ações objetivas relacioandas ao meio ambiente. O debate sobre a relação entre homem e natureza, hoje, torna-se praticamente inesgotável diante dos caminhos que a humanidade tem à sua frente. E Santa Catarina, neste aspecto, tem um longo caminho a percorrer. Observo, todas as semanas, notícias de que órgãos ambientais denunciam obras realizadas em cima de nascentes de água potável, tratadas como "córregos de esgoto". Isso, em termos legais, deveria tornar-se crime inafiançável.
O alto índice de contaminação do solo e da água, a urbanização crescente e desordenada, com infra-estrutura precária, levou Santa Catarina à vergonhosa posição de penúltimo lugar no País em saneamento básico. Menos de 10% de nossa população tem acesso a coleta e tratamento de esgoto.
Quem pratica este tipo de crime desconhece os dados alarmantes envolvendo a iminência da falta de água no Planeta. Mais de 3,5 mil crianças morrem por dia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), por consumo de água insalubre ou por falta de higiene. A cólera e outras doenças diarréicas matam mais de 1,8 milhão de pessoas por ano. Cerca de 65% das internações hospitalares no Brasil são causadas pela má qualidade da água.
Até o ano de 2000 o Banco Mundial afirmava que seriam necessários 800 bilhões de dólares para a humanidade enfrentar os problemas envolvendo a contaminação e a falta de água. Hoje esta cifra já duplicou. No mundo, 1,2 bilhões de pessoas, ou seja, 35% da população mundial, não têm acesso a água tratada.
O Dia Mundial da Água mais uma vez nos chama a olhar de forma crítica para o "líquido da vida". E mais uma Campanha da Fraternidade nos convoca a agir, de forma efetiva, para preservar a vida, a nossa e a de todos os seres da natureza.
Padre Pedro Baldissera
Deputado Estadual - PT