As primeiras audiências públicas, sobre as duas propostas de emendas constitucionais (PECs) – contra o nepotismo e pelo fim do salário vitalício dos ex-governadores –, resultaram em novos apoios à campanha que busca reunir 105 mil assinaturas, em cada PEC, para que ingressem na Assembléia como proposições da própria população.

 Os debates, promovidos pela Comissão de Legislação Participativa da Alesc, ocorreram em Concórdia e Chapecó, na sexta-feira (11), e em São Miguel do Oeste, no sábado (12). Estão programadas mais oito audiências nas principais cidades do Estado. "A audiência tem a função de levar os temas ao conhecimento da população, para que ela se posicione a respeito. E nesses primeiros debates observamos uma indignação geral, que se transforma em apoio imediato às PECs", afirma o deputado Padre Pedro Baldissera, que propôs a apresentação das PECs e está à frente da campanha de coleta de assinaturas.

O Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Oeste e Meio Oeste Catarinense (Setcom), por exemplo, levará os abaixo-assinados para os associados e espera retorno por parte das 93 representações do sindicato no Estado. "Essa é uma luta de todos pela moralização da política. Vamos trabalhar para buscar muito mais do que as 105 mil assinaturas necessárias", afirmou Tarcísio Vizzoto, presidente da entidade.

  Além do Setcom e de outros sindicatos patronais e de trabalhadores, entidades como a Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC) de Concórdia, associações culturais e ongs também manifestaram apoio à campanha. "Já temos o trabalho da Federação das Associações de Moradores de SC (Famesc) em todo Estado. Com esses novos parceiros vamos levar esses temas ao conhecimento de toda população", afirmou Padre Pedro.

  Para a representante da RFCC de Concórdia, Maria Costenaro, o eixo fundamental do debate está no desperdício de dinheiro público. "De um lado remunera parentes de pessoas com influência, sem que necessariamente sejam qualificados. De outro, é usado para custear um subsídio vitalício de R$ 22 mil que é ilegal. Enquanto isso, sofremos para manter trabalhos importantes", observou Maria, que também atua na Sociedade Concordiense de Auxílio Fraterno e no Grupo Teatral Piliquinha.

105 mil assinaturas

A emenda popular à Constituição Estadual é encaminhada a partir da obtenção das assinaturas de 2,5% dos eleitores catarinenses (4,1 milhões em 2006), distribuídos em 40 municípios, com no mínimo 1% do eleitorado de cada uma dessas cidades. São cerca de 105 mil assinaturas para cada emenda. A PEC do nepotismo proíbe a contratação de parentes por parte de detentores de cargos públicos. Já a PEC do subsídio vitalício extingue da Constituição Estadual o artigo 195, que estabelece o pagamento do salário de R$ 22 mil aos ex-governadores.