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 Mãe: palavra do afeto

Publicado em 12 de Maio de 2006

Adital - No dia das mães não fala a inteligência analítica, mas a inteligência emocional. Lógico, o comércio explora esse dia, mas o significado da figura da mãe é tão poderoso que não se deixa nunca desvirtuar totalmente. É excusado sublinhar a importância da mãe na orientação futura da vida de uma criança. Baste-nos referir as constribuições inestimáveis de Jean Piaget com sua psicologia e pedagogia evolutiva e principalmente as de Donald Winnicot com sua pediatria combinada com psicanálise infantil. Eles nos detalharam os complexos percursos da psiqué infantil nesses momentos iniciais e seminais da vida.

Hoje não cabe esse tipo de reflexão por mais importante que seja. Tem seu lugar o afeto cujas raizes se encontram há mais de duzentos milhões de anos, quando surigiram no processo da evolução os mamíferos dos quais nós descendemos. Com eles nos veio o afeto e o cuidado, guardados como informações até os dias atuais pelo cérebro límbico. Entreguemo-nos brevemente à terna força do afeto.

Há muitos textos conhecidos que exaltam a figura da mãe como o belíssimo do bispo chileno Ramon Jara. Mas há um outro de grande beleza e verdade que nos vem da Africa, de uma nobre abissínia, recolhido como prefácio ao livro Introdução à essência da mitologia (1941), escrito por dois grandes mestres na área, Charles Kerény e Karl Gustav Jung. Assim fala uma mulher em nome de todas as mães.

"Como pode saber um homem o que é uma mulher? A vida da mulher é inteiremante diferente daquela dos homens. Deus a fez assim. O homem fica o mesmo, do tempo de sua circuncisão até o seu declínio. Ele é o mesmo antes e depois de ter encontrado, pela primeira vez, uma mulher. O dia, porém, em que a mulher conheceu seu primeiro amor, sua vida se divide em duas partes. Neste dia ela se torna outra. Antes do primeiro amor, o homem é igual ao que era antes. A mulher, a partir do dia de seu primeiro amor, é outra. E assim permanecerá a vida toda. O homem passa uma noite com uma mulher e depois vai embora. Sua vida e seu corpo são sempre os mesmos. A mulher, porém, concebe. Como mãe, ela é diferente da mulher que não é mãe. Pois, ela carrega em seu corpo, por nove meses, as consequências de uma noite. Algo cresce em sua vida e de sua vida jamais desaparecerá. Pois ela é mãe. E permanecerá mãe, mesmo quando a criança ou todas as crianças tivessem que morrer. Pois ela carregou a criança em seu coração. Mesmo depois que ela nasceu, continua a carregá-la em seu coração. E de seu coração não sairá jamais. Mesmo que a criança tenha morrido".

"Tudo isso o homem não conhece. Ele não sabe nada disso. Ele não conhece a diferença entre o "antes do amor" e o "depois do amor", entre antes da maternidade e depois da maternidade. Ele não pode conhecer. Só uma mulher pode saber e falar sobre isso. É por isso que nós mães nunca nos deixamos persuadir por nossos maridos. A mulher pode somente uma coisa. Ela pode cuidar dela mesma. Ela pode se conservar decentemente. Ela deve ser o que a sua natureza é. Ela deve ser sempre menina e  mãe. Antes de cada amor é menina. Depois de cada amor é mãe. Nissso poderás saber se ela é uma boa mulher ou não".

Essas reflexões são dedicadas às mães vivas ou falecidas como minha mãe Regina. Hoje as lembramos com afeto.  Elas estão em nossos corações. E de lá jamais sairão.

Autor do livro em parceria com Rose-Marie Muraro Feminino e Masculino. Uma nova consciência para o encontro das diferenças (Sextante)

* Teólogo. Membro da Comissão da Carta da Terra


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