O deputado estadual Padre Pedro Baldissera (PT) criticou hoje (10), na tribuna da Assembleia Legislativa (Alesc), o clima que se instalou no Brasil, de “julgamentos prévios, em tribunais de exceção”. Segundo o parlamentar, vivemos uma conjuntura difícil de ser suportada, perigosa, e que atinge a todos, independe da visão de mundo. “Essa análise transforma tudo num problema simples de resolver: não concorda, é vagabundo; cometeu um crime, mata”, disse o parlamentar.

Padre Pedro destacou que, nos diálogos com pesquisadores, professores e especialistas, há uma visão unânime que aponta para um perigoso, agressivo e autodestrutivo movimento de fascismo na sociedade. “Indicam o surgimento de uma visão simplista, de soluções aparentemente fáceis, mas que na verdade escondem uma violência gigantesca. E não só um discurso de violência, mas uma prática de violência. Violência contra quem se manifesta, violência contra ideias de igualdade ou de uma visão diferente de mundo, violência até contra a ciência, contra quem busca se aprofundar em diferentes temáticas e situações”, lamentou.

O deputado exemplificou este cenário com a distinção que se faz entre ser “a favor ou contra a Lava Lato”. Padre Pedro defende as investigações, desde que sejam feitas com transparência e que se punam os culpados. “Mas não podemos cair numa situação em que tudo pode, tudo é possível porque às vezes se viola o ser. Esse é um precedente perigoso”, alertou.

Para ele, criar consciência é criar consistência com fundamentos, princípios e ética, inclusive no debate político. “Nos dias de hoje não há mais espaço para ouvir, para escutar. Intitulamos-nos os donos da verdade e nos esquecemos de dialogar. Temos que estabelecer relações e atitudes de empatia com as outras pessoas, para com outros segmentos, porque é assim que nós crescemos e construímos uma sociedade mais justa, mais igualitária, mais humana, a serviço da construção de um mundo melhor”, disse.

Padre Pedro complementou dizendo que é preciso construir novos paradigmas para contribuir para um mundo novo, e uma parte importante disso é recuperar o respeito às lutas dos trabalhadores e trabalhadoras. “Sem estas lutas, hoje, muitas das garantias constitucionais e de liberdade que temos não existiriam”, destacou o deputado.